Violência contra as mulheres: uma luta de todas as pessoas, todos os dias!

Nas escadarias do Teatro Municipal, em 10 de outubro de 1980, um grupo de mulheres se reuniu para protestar contra o índice crescente de crimes contra as mulheres. Desde então, essa data é lembrada como o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher. 

Importância da Conscientização e Reafirmação

A relevância de uma data comemorativa para celebrar e reafirmar a importância dos direitos das mulheres é enorme, pois nos convida a refletir sobre os crimes e os diversos tipos de violência praticada contra mulheres no âmbito social e profissional. Com essa conscientização é possível disseminar todo o progresso já alcançado e, o mais importante, podemos discutir iniciativas que precisam ser colocadas em prática para a ampliação desses avanços.

Afinal, a batalha está longe de terminar. Infelizmente, o índice de violência contra a mulher ainda é assustador. A pandemia da COVID-19 agravou ainda mais um cenário que já era adverso: um levantamento apontou que 1.005 mulheres perderam a vida, vítimas de feminicídio, durante os meses da pandemia em 2020 no Brasil. A média é de três mortes por dia. Isso considerando os dados disponíveis, pois há uma enorme subnotificação e ausência de colaboração no envio dos dados pelas secretarias de segurança pública.

Omissão ou Machismo Estrutural?

Além da ausência de envio de dados de alguns estados, esses números encontram barreiras como a falta de uniformização dos indicadores usados pelas Secretarias. Quase nenhum estado traz informações sobre raça, orientação sexual ou identidade de gênero, por exemplo, o que acaba por invisibilizar a violência. 

Essa invisibilidade também afeta as mulheres trans e travestis assassinadas no Brasil, país recordista desse tipo de crime. O trans feminicídio não é sequer considerado nas estatísticas oficiais.

Além da violência física, que em casos extremos pode levar à morte, existem outros tipos de violência: a moral, psicológica, institucional, sexual, esse último podendo ser evidenciado pelo estarrecedor número de estupros no país. 

Segundo dados do Instituto Maria da Penha, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil. 

Outro dado alarmante diz respeito ao assédio sexual no trabalho. Segundo dados do LinkedIn em parceria com a organização Think Eva, 47% das mulheres já passaram por isso, e apenas 5% delas denunciaram o crime para o setor de recursos humanos da empresa por temerem sua própria demissão, entre outras questões, como falta de apoio e impunidade do agressor.

O assédio moral é uma violência psicológica que pode ferir a dignidade da vítima, através de condutas abusivas, palavras, gestos, piadas sexistas e qualquer cenário que possa expor a mulher a situações humilhantes no ambiente de trabalho. 

Muitas dessas maneiras tóxicas de agir são problemas estruturais, que frequentemente tendem a passar despercebidos e tratados de forma completamente natural.  Por exemplo, existem práticas como mansplaining, manterrupting e bropriating. O primeiro termo se refere a homens que explicam de forma simplista pontos óbvios para mulheres, assumindo que elas não são capazes de entenderem por si próprias; o segundo se refere a homens que interrompem as falas das mulheres, impedindo-as de completar um raciocínio; e o terceiro termo consiste em um homem se apropriar de uma ideia feminina e levar crédito por ela. São ações muito comuns em reuniões de trabalho, entrevistas e discussões.

No ambiente corporativo também ocorre o gravíssimo “gaslighting”, uma prática utilizada principalmente em casos de assédio, seja ele qual for, em que o assediador desqualifica a vítima, tentando culpá-la e apontá-la como louca, como se ela estivesse equivocada.

O prejuízo emocional,  social e profissional dessas vítimas são incalculáveis, muitas vezes levando essas mulheres a deixarem seus empregos, o que impede qualquer possibilidade de crescimento profissional.

E mesmo com a pandemia, que reformulou a maneira de trabalhar de muitas empresas, ampliando o número de pessoas que trabalham em casa, virtualmente, a violência contra as mulheres não diminuiu. Os agressores não se intimidam diante da tela do computador e continuam praticando esses crimes, através do assédio virtual, ou cyberbullying. 

O que podemos fazer?

Tudo isso escancara a urgência das empresas aderirem a iniciativas que combatam de forma efetiva a  violência contra as mulheres. 

Devemos refletir sinceramente sobre nossos comportamentos e atitudes, estabelecendo políticas contra o assédio e qualquer tipo de violência. É necessário que as empresas e organizações promovam mudanças estruturais que busquem um futuro livre de machismo e sexismo, firmando um compromisso com a equidade de gênero. É essencial o debate, divulgação de campanhas educativas, informar e conscientizar as pessoas, para evitar que essas condutas abusivas continuem se perpetuando.

Embora o direito e proteção das mulheres sejam garantidos por lei, é nosso dever assegurarmos um ambiente saudável dentro das organizações e condenarmos todo e qualquer ato violento, desde constrangimentos e intimidações até o ato físico. 

Apesar do espetáculo que as mulheres deram em 1980, na porta do teatro, e da exibição diária na qual continuam atuando na sua luta contra a violência e em prol de uma sociedade mais igualitária e inclusiva, essa peça deve contar com o protagonismo de todas as pessoas, se quisermos realmente modificar esse terrível enredo. E quanto maior a plateia e seu engajamento, maior o alcance da mensagem em busca de um mundo melhor.

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